sábado, 13 de outubro de 2012

Filme "Intocáveis" e eu


Ontem a noite, fui ao cinema. Que delícia.
Adoro filmes, mas adoro ainda mais ir ao cinema. Muitas pessoas que conheço já não saem mais de casa com este propósito - baixam o filme na internet e pronto. Acho que elas estão perdendo uma oportunidade.

Ontem, fiz exatamente o programa que queria: saí de casa com os cabelos molhados, em uma noite fresca, calçando minhas havaianas velhas, com a bolsa mais leve do que o normal, deixando o carro na garagem, de mãos dadas com meu companheiro.

Tínhamos um plano - assistir aos "Intocáveis". Um foi para fila do ingresso, outro para a fila da pipoca. Ainda dava tempo de fazer uma horinha até o início da sessão.
- Olha quem está aqui!

Me virei para trás. Oh, que boa surpresa. Ali estavam duas pessoas muito queridas, que há muito não via. Rever amigas de infância é sempre gostoso.  Papo vai, papo vem, hora de entrar. Sala lotada e nos separamos.
 - A gente se vê no final.

As luzes se apagam e logo fico encantada com a delicadeza do filme. Como pode um tema tão pesado/delicado se transformar em uma comédia capaz de fazer uma sala cheia de gente rir, ou melhor, gargalhar? Ai ai... Acho que fazia um bom tempo que não ria tão alto assim.

Uma das frases mais fortes do filme, para mim, é a do personagem principal, que, após um acidente, fica tetraplégico. Ele justifica, para um amigo preocupado, a contratação pouco convencional do novo "enfermeiro". Phillipe diz que o rapaz é exatamente o que ele precisa - alguém que não tem compaixão; alguém que não entende as necessidades e limitações dele. Só assim, ele pode ser tratado como o ser humano que era antes do acidente. Daí, o nome do filme faz todo sentido para mim: "Intocável", não 'invensível" - como do faroeste, mas de "distante" e "incompreendido". De "incompreendidos".

A história se desenrola e mostra um encontro de dois mundos muito diferentes - o de Phillipe e de Driss - o enfermeiro. Acho que este é o ponto chave do filme: como duas pessoas tão diferentes conseguem modificar a vida do outro, de forma tão intensa e espontânea.

Fin. As luzes se acendem e as pessoas, calmamente se alinham para sair. Ali estão as meninas.
- E aí, gostaram?
- Sim, muito.

O encontro com estas duas pessoas me trouxe um "significado ampliado" para o filme. Há quem diga que a própria história de vida delas é, também, um filme. A rotina de enfermeiros, banhos na cama, fisioterapia, remédios e dor, mostrada no filme soa muito familiar (até demais) às minhas amigas.Elas precisam fazer da vida delas - um assunto pesado mas delicado - uma piada.

Penso que é por estas e por outras que ir ao cinema é muito diferente do que assistir um filme em casa. Você tem a chance de fazer aquela história se transformar em outra - mais pessoal, mais emocionante, mais real. Para mim, esta é a minha história para este filme.

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